sexta-feira, 28 de junho de 2013

O Rapto do Filho do Conde–Capítulo II

(fanfic para o anime/mangá Hakushaku to Yousei)
Edgar, então, pegou a carta que estava presa ao corpo de Nico. Com os olhos arregalados, Lydia apertava seu braço com nervosismo. Raven silenciosamente chegou à porta e só pode dizer: – Mestre!  e pensou: “como ele, o poderoso serviçal de Edgar pôde deixar escapar o filho do conde debaixo do seu nariz e nem perceber nada?” No coração de Raven havia revolta, raiva e apreensão. Faria qualquer coisa para recuperá-lo, custe o que custasse.
raven 2Edgar reuniu coragem e abriu a carta. Lydia ao lado o acompanhou na leitura, mas segurando o choro com força.
“Meu caro Conde Cavaleiro Azul. Ou diríamos o grande farsante Edgar John Carl Ashenbert? Não importa! O que me importa é a Espada Merrow que está em seus cuidados. Entregue a espada e renuncie ao cargo de Conde Cavaleiro Azul e Senhor de Ibrazel e assim, você terá seu filho estimado de volta. Não é uma troca justa?
Caso contrário, o mataremos! Mas antes, quem sabe… eu possa reconsiderar o fato de por ser seu filho e prepará-lo para o posto de herdeiro que você covardemente fugiu?
Não envolva mais pessoas ou você morre! Ulysses logo entrará em contato com você para o andamento da troca. Ou pensa que ficaria barato seu ‘teatro’?
Sem mais,
O Príncipe da Calamidade.
P.S. – Francamente, estava mais que na hora de você voltar para nós. Você sabe que seu futuro não tem grandes expectativas.”
Edgar esmagou a carta com mão e Lydia não pôde mais segurar o choro. Ele a abraçou, mesmo arrepiado até a última médula da espinha. Lembrou do tipo de “treinamento” que era oferecido pelo Príncipe. Ele sabia… pois, passou por tudo isso. A morte dos pais, torturas, abusos e todo tipo de experiências físicas, mentais e mágicas sórdidas. Sem contar a marca que recebeu na língua a ferro e fogo. E foi-se os tempos de brincadeiras que passou nos jardins da sua casa quando era pequeno. Quando conseguiu fugir, ficou na clandestinidade até que chegasse o momento de retomar o seu posto que sempre lhe foi destinado.
- Você por acaso selou magicamente a sua casa e o Condado, conde?, a pergunta veio de Kelpie, o kelpie 2cavalo-marinho mágico que se encontrava sentado na janela.
- Kelpie, você tem a ver alguma coisa com isso?, Edgar resmungou irritado, mas não conseguiu continuar as ofensas por conta do apertão que levou no braço de Lydia.
- Edgar, tenha dó!  Não machucaria nada que viesse de Lydia, mesmo que seja um filho que ela teve com você. – falou o cavalo-marinho mágico dando um pulo para chegar ao chão. - Tudo bem que nunca fui com a sua cara, mas nunca faria isso. Vim porque senti as lágrimas de Lydia e seu pedido de socorro silencioso.
Edgar cerrou os punhos mais uma vez, mas percebeu que não era hora de brigar com Kelpie. E então, mesmo contra vontade ouviu Lydia implorando:
- Kelpie ajude-nos, por favor.
- Tudo bem, mas com uma condição…
Edgar sentiu novamente o sangue ferver, mas Kelpie percebeu que momento era delicado e pediu:
- Edgar, posso falar com você a sós?
Contrariadíssimo, Edgar dirigiu Kelpie para um outro aposento. Mesmo sendo um conde de modos muito gentis, Edgar não gostava do cavalo-marinho, que sempre espreitava a possibilidade de levar Lydia com ele para a Terra das Fadas. E por isso mesmo, nem pediu para que Kelpie sentasse.
- Bem, vamos direto assunto. Qual é a condição?
Kelpie disparou: – Que você nunca faça Lydia chorar. Se isso acontecer levo ela comigo!
- Mesmo que seja de contentamento?, arrebatou o conde.
Kelpie sentiu a provoção nas palavras de Edgar, mas disfarçou e disse: – Claro que não! Ajudo vocês, mas acredito que somente eu não seja suficiente para recuperar o garoto.
- Eu sei! Por isso vou convocar uma audiência com os sereianos, os leprechauns… – e antes que Edgar terminasse…
- E a Rainha das Fadas? Não vamos pedir ajuda?, a voz melodiosa de Lydia saiu tremida. Ela estava parada na porta e os dois viraram e se entreolharam.
- Sim, querida! Sem dúvida!
Na mesma madrugada, Raven, que tinha facilidade de se deslocar rapidamente entre as nações dos elementais, avisou em caráter de urgência o pedido de socorro do casal. Aos primeiros raios de Sol, na sala destinada às reuniões importantes do Condado, encontrava-se os mais altos líderes dos seres mágicos. Lá estavam: Lugh, o Senhor dos Leprechauns; Sereia, a Senhora dos Sereianos e Tytânia, a Rainha das Fadas. Também estavam Edgar, Lydia, Kelpie, Raven, e, inclusive, Nico, paramentado como um cavalheiro, além dos demais assessores para tratar do rapto de Aurthur.
Lugh, o Senhor dos Leprechauns, era um homem muito bem-humorado, de idade atemporal. Robusto, de rosto quadrado, emoldurado por uma barba tão vermelha quanto seus cabelos, era dono de um sorriso caloroso. De estatura mediana, Lugh, aparentava como um ser que acompanhou toda a evolução dos homens através dos tempos. Lembrava um viking, mas de um humor mais debochado e, por vezes, refinado.
Sereia era uma mulher belíssima e de longos cabelos azuis e tão vastos que envolviam todo o seu corpo. De olhos azuis profundos, quando vinha à terra, transformava sua metade peixe em uma mulher comum. Sempre andava com manto que conseguia manter a temperatura do seu corpo equilibrada. Tytânia era a líder de menor estatura, mas não menos bela. Seus longos cabelos castanhos, assim como seus olhos castanhos-esverdeados, formavam um contraste harmonioso com suas suaves asas multicoloridas que diminuíam ou aumentavam de tamanho quando ela bem entendesse. Usava uma coroa de flores que adornava sua cabeça e  tinha orelhas pontiagudas. Também vestia um manto azul-celeste porque mesmo com o final do inverno próximo, o frio insistia em visitar a localidade.
Era a primeira vez que o Príncipe da Calamidade atacava depois de tantos anos, desde aquela vez que a Banshee, a fada-guardiã de Lady Gladys, a primeira líder do Condado Ibrazel, faleceu para proteger Edgar.
Enquanto  instalavam-se em suas cadeiras, Raven servia-lhes chá e biscoitos. E quando chegou a vez de Lugh:
- Meu jovem, por favor… em vez de chá, gostaria de um bom conhaque. Afinal, está frio aqui, não?
A fala do Senhor dos Leprechauns amenizou um pouco a situação, mas não o coração de Lydia que se encontrava dolorido e angustiado. Como condessa Cavaleiro Azul e fairy doctor da região, uma de suas obrigações era deixar o lugar seguro magicamente. Ela não conseguia escutar as conversas que aconteciam na sala. Seu olhar buscava no céu azul, que avistava próximo da janela onde estava sentada, alguma resposta para suas dúvidas e angústias. “Por onde errei?”, era uma perguntava que não a deixava sussegada.  Será que em algum momento sua autoestima baixou a guarda? Ofendeu algum brownie? Ou sem querer não atendeu algum pedido de um leprechaun e que raivoso deixou alguma brecha para “a maldade” entrar? Ela nem sentiu que Tytânia sentou-se ao seu lado com a intenção de ampará-la. A Rainha das Fadas tinha um grande apreço pela jovem, sabia que ela era o pilar do Condado e que foi por causa dela que Edgar recuperou o seu “sangue puro”. Uma lágrima atrevida caiu-lhe pelo rosto e ela ouviu:
- Lydia, por que se culpa tanto? Se alguém aqui é responsável por essa situação, então responsabilize a todos nós… Não é?, disse Tytânia. Lydia não conseguiu mais conter o choro abafado. E a sala que estava ruidosa, de repente fez-se silenciosa. Edgar chegou perto, a abraçou e disse em seu ouvido: – Prometo trazê-lo de volta, nem que para isso eu deva morrer!
- Ora, ora, chega de melodramas!! Está mais na hora de entrarmos em ação! Quem tal chamar esse desgraçado do Ulysses para cá, meter um pé na bunda dele e forçá-lo a dizer onde está o moleque? Esse fairy doctor de merda vai ter o que merece! - a fala jocosa e impetuosa só poderia vir do senhor Lugh.
Entre algumas risadas tímidas, Sereia então levantou-se e falou: – Não adianta nada esbravejar Lugh! O que devemos fazer é negociar com sequestrador ou na pior das hipóteses ludibriá-lo para obter o garoto o mais rápido possível. Não estou certa? - e continou, perguntando ao conde: – Edgar, Ulysses consegue controlar apenas os cães e os lobos espectrais ou tem mais algum ser?
- Que saiba, ele tem o poder de subjugar qualquer elemental. Ele possui um mecanismo, o mesmo que tentaram fazer comigo, o de usar métodos de lavagem cerebral. Sei que ele trabalha com a pedra obsidiana maragony
- Oras, é a pedra da regressão espiritual e ela mexe com as ligações dos neurônios dos humanos. Não é tão difícil de consegui-la, mas nem tão fácil de achá-la - emendou Lugh que prosseguiu: – É evidente que eles usam algo a mais para interferir na memória dos escravos. E acredito que foi isso que eles utilizaram com você.
- E qual é a possibilidade dele ou deles utilizarem em Aurthur? O que quero dizer, eles vão usar o Aurthur como cobaia para algum plano sórdido?, era Lydia que falava com voz entrecortada.
- Acho  difícil! - dessa vez era o cavalo-marinho mágico que falava. – Isso porque o objetivo do Príncipe é a Espada Merrow. Com ela, esse maldito pode se declarar o novo conde Cavaleiro Azul  perante os habitantes humanos e a Rainha. Aí entra o  fairy doctor valentão que irá manipular os seres mais inferiores até chegar às escalas superiores, tudo para deixar todos sob os domínios do Príncipe. Aí, inventarão algo escabroso sobre você e Edgar. E que o filho do traidor ficará aos cuidados dele até sua maioridade. É um plano audacioso! Não que ligue se fizerem algo com Edgar…
Nessa hora, quem estava por perto pode ver o conde cerrando os punhos e contraindo a mandíbula de forma nervosa.
Mas de repente, a sala escureceu e todos puderam avistar a capa negra flutuante de um homem alto, de cabelos louros que ornavam com um rosto fino e de olhos maliciosos da cor de um âmbar. Ele encontrava-se rodeado por uma alcateia de lobos enfurecidos como tivesse protegendo-o… Era Ulysses para dar continuidade ao plano…

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